Na madrugada desta terça-feira (14), um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, localizada a cerca de 30 km de Curitiba (PR), provocou um apagão que afetou todas as regiões do país. O incidente, registrado às 0h32 pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), resultou na interrupção de cerca de 10.000 megawatts de carga no Sistema Interligado Nacional, atingindo os subsistemas Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Segundo o ONS, o desligamento emergencial da subestação de 500kV ocasionou a desconexão dos fluxos de energia entre as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, que, à época, recebia cerca de 5.000 MW exportados da Região Sul. Para evitar danos ao sistema, houve atuação imediata do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), de responsabilidade do ONS, que levou ao corte controlado da distribuição elétrica em diversos estados.
Foram registradas quedas substanciais nas quatro grandes regiões: a Região Sul perdeu cerca de 1.600 MW de carga, o Nordeste 1.900 MW, o Norte 1.600 MW, e o Sudeste/Centro-Oeste aproximadamente 4.800 MW. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Recife e o Distrito Federal estiveram entre as mais impactadas, com relatos de interrupções que variaram de poucos minutos até quase uma hora em algumas localidades.
Concessionárias como Enel São Paulo informaram que 937 mil clientes ficaram temporariamente sem energia, enquanto outros estados, como o Ceará e o Amazonas, relataram interrupções superiores a 40 minutos em áreas específicas. Nas redes sociais, usuários registraram dificuldades ainda na madrugada, principalmente no Nordeste, Sul e Sudeste, onde o DownDetector apontou aumento nas reclamações de falta de luz junto a concessionárias como Enel, Copel, CPFL Energia, Cemig e outras.
A recomposição das cargas e a retomada do fornecimento foram realizadas de forma progressiva ao longo da madrugada. Até 1h30 após o início da ocorrência, as cargas das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste já haviam sido restabelecidas. A Região Sul foi totalmente recomposta cerca de 2h30 depois do desligamento. Todo o processo foi acompanhado por agentes do setor elétrico que atuaram em conjunto com o ONS para garantir segurança à recomposição do sistema.
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que se tratou de uma falha pontual de infraestrutura e não de falta de geração ou risco de colapso energético. Reuniões técnicas envolvendo o ONS, Aneel e concessionárias estão ocorrendo desde a manhã para avaliar as causas e adotar medidas preventivas, conforme determinações do governo federal e das autoridades do setor.
O ONS programou uma reunião preliminar com os principais agentes envolvidos, visando o início da elaboração do Relatório de Análise da Perturbação (RAP), com prazo até sexta-feira (17) para entrega do documento técnico que detalhará as origens, consequências e recomendações referentes ao episódio. A subestação Bateias e outros pontos críticos estarão sob inspeção direta nos próximos dias.
Até o momento, o governo considera o restabelecimento concluído, mas mantém alerta máximo para garantir a estabilidade do sistema elétrico nacional. A ocorrência trouxe à tona desafios técnicos do setor e mobiliza ações de investigação e aprimoramento do controle operacional do SIN para evitar novos apagões.


