domingo, 09 novembro 2025
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Pesquisas brasileiras avançam no diagnóstico da doença de Alzheimer por meio de exame de sangue

Pesquisadores brasileiros vêm promovendo avanços significativos no diagnóstico da doença de Alzheimer, utilizando um exame de sangue que identifica a proteína p-tau217, biomarcador crucial para distinguir pacientes com a doença de indivíduos saudáveis. O desenvolvimento, que conta com apoio do Instituto Serrapilheira, pretende tornar este exame acessível através do Sistema Único de Saúde (SUS), viabilizando um diagnóstico mais eficaz e em larga escala.

Atualmente, o Brasil conta com dois métodos para detectar a doença: o exame de líquor, que exige uma punção lombar invasiva, e exames por imagem, como a tomografia, ambos de difícil acesso para a maioria da população que depende do SUS. O exame clínico tradicional, feito por neurologistas, ainda é o principal meio, baseado na avaliação dos sintomas.

O estudo, conduzido por uma equipe de 23 pesquisadores, incluindo oito brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), analisou mais de 110 pesquisas envolvendo cerca de 30 mil pessoas. A pesquisa comprovou que a p-tau217 no sangue apresenta alta confiabilidade, acima de 90%, comparada ao “padrão ouro”, que é o exame de líquor, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Resultados semelhantes foram obtidos também por um grupo do Instituto D’Or e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), validando a eficácia do exame em populações com diferenças genéticas e socioculturais.

Um dos desafios associados à doença é o diagnóstico precoce. Estima-se que mundialmente cerca de 57 milhões vivem com demência, dos quais 60% têm Alzheimer. No Brasil, há aproximadamente 1,8 milhão de pacientes, número projetado para triplicar até 2050.

Outro fator relevante identificado na pesquisa é a associação entre baixa escolaridade e maior incidência da doença, reforçando a influência de aspectos socioeconômicos e educacionais na saúde cerebral. O cérebro estimulado pela educação formal cria conexões que atuam como proteção contra o declínio cognitivo progressivo.

Embora o exame de sangue já esteja disponível na rede privada, com preços que podem ultrapassar R$ 3.600, seu alto custo limita o acesso. Por isso, a busca por um modelo acessível e gratuito para o SUS é uma prioridade. Entretanto, para que isso ocorra, são necessárias ainda avaliações detalhadas sobre performance, estratégia de uso e logística para a implementação.

Os próximos passos incluem estudos focados em pessoas a partir dos 55 anos, visando identificar a fase pré-clínica da doença, quando ainda não há sintomas aparentes, o que poderá permitir intervenções mais eficazes.

Os resultados das pesquisas foram publicados na revista Molecular Psychiatry e reforçados por revisão internacional na Lancet Neurology, consolidando o Brasil na vanguarda dos avanços científicos no diagnóstico precoce do Alzheimer.

Eduardo Martello
Eduardo Martellohttps://www.estacao12.com.br
Criador e diretor de infraestrutura e programação da Estação 12
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